quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Caminho!

Jamais imaginei te conhecer
Me apaixonar ou te querer.
Mas nossos caminhos se cruzaram,
Não pude desviar, segui teus passos.
E me perdi.

Podemos não ver,
Mesmo estando com os olhos abertos?
Acho que sim, por que fiquei cega.
Ao meu redor olhava a todos
Mas só enxergava você.

Sempre soube que teria um fim
Talvez ele chegasse sem avisar.
Então como uma chuva de verão, chegou.
Molhou meus sentimentos e simplesmente foi embora
Deixando apenas a brisa suave da saudade.

Será que alguma coisa valeu a pena?
Agora não importa mais.
Pois todas as palavras, todos os beijos,
Cada abraço e sorrisos foram apagados da memória
Nem a vaga lembrança permaneceu.

Vou voltar a seguir meu próprio caminho
Não sei o que me espera, vou devagar.
Tenho medo de errar novamente.
Talvez amanhã eu não caminhe,
Mas já dei o primeiro passo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Barão e Fantasma!

Um é marronzinho o outro também
Um chora e o outro acompanha
Tem o manhoso e o espoleta
São tão parecidos e ao mesmo tempo diferentes.

Eles correm por ai, mas logo se cansam.
Querem atenção ás duas da madruga
Quando os olhos já não se abrem
Haja paciência!

Barão quer atenção
Fantasma só pensa em morder
Mas a diversão toda só começa,
Quando escapam pelo portão.

Como muitos irmãos, brigam.
Um morde a orelha
E o outro deixa
Assim fazem as pazes.

Mas quando marcam território, enlouqueço.
Se não fosse por isso
Ainda teria uma graminha verde
E o jardim lindo e cheiroso!

Você!

Eu penso em você, eu quero você
Mas às vezes bate a dúvida
Não é culpa sua...
É que ainda não me encontrei.

Talvez isso demore dias, semanas, meses
Ou quem sabe leve uma vida inteira
E se você me perguntar se vale a pena esperar
Fico calada, pois não sei a resposta.

Tudo ao meu redor parece incerto
Mesmo assim não paro de pensar
Como mandar meu coração esquecer
Ou impedir meus olhos de brilharem?

Os sentimentos transformam meu rosto
E as cores estão mais vivas,
Como pode eu nunca tê-las notado
Será que é tudo fruto da minha imaginação?

Porém sei que amanhã vai ser diferente
Como a dieta que prometemos começar na segunda-feira
Tudo vai mudar e terei que encarar as coisas como realmente são
Mas ainda é hoje e continuo a pensar em você.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Criança!

Queria voltar a ser criança
Para brincar de esconde-esconde
E fazer bolinhos de barro
Dormiria sem me preocupar com o amanhã.

Daria abraços em muitas pessoas
E o melhor de tudo seria saber
Que com esse gesto não magoaria ninguém
Pois no meu coração não haveria espaço para ciúmes.

Teria sim cabelos vermelhos desajeitados
Para o vento balançar
E talvez com uma ou duas janelinhas
Mas quem liga? Todos perdemos os dentes.

Sem isso a vida não significa nada
Pois se os pequenos detalhes não importarem
Tenha certeza que o resto não fará
Muita diferença.

Graciosa como um rosa
Eu gostaria de voltar a ser
Mas cresci tão depressa
Não consegui o tempo controlar.

Hoje vivo com a lembrança
Que minha infância foi a melhor fase da vida
Jamais vou esquecê-la
Mas nunca mais voltarei a vivê-la.

Neura da Limpeza!

Neura da limpeza, moça recatada do interior, de tudo o que aprendeu na vida, o que mais sabe fazer e fazer melhor é limpar. Vive de arrumar a bagunça dos outros, limpa, lava, passa, desinfeta, desencarde, desentope, organiza, tira manchas e encardidos.

Neura tinha outro nome – nome que foi lhe dado quando nasceu: Francinete. Porém ficou conhecida mesmo como Neura da limpeza, depois que foi trabalhar na casa do Coronel Eleutério, fazendeiro muito conhecido no interior de Araruna, onde Neura nasceu e cresceu.

Lá ela trabalhou dois anos, dos quais um ano e meio ficou tirando teias de arranhas, pó que já havia fixado morada nos móveis, lavando as botinas do coronel, esfregando chão e paredes dia e noite. Só descansava mesmo na hora de dormir, mas ainda assim pegava no sono pensando o que teria que fazer no dia seguinte.

Assim Neura tomou gosto pela coisa, virou especialista na área. Limpar era seu nome, faxinar seu sobrenome, todos queriam contratar seus serviços. Quando trabalhava em casa de adultos, recolhia as roupas jogadas no chão, lavava as meias chulezentas do marido e varria os cabelos caídos da esposa. Mas quando tinha crianças na casa, ela andava sempre com uma pá e vassourinha atrás da criatura.

Quando adulta veio para a “Capitar” como ela mesma costuma dizer, ao se gabar nas cartas que escreve para a mãe e as primas. Aqui ela já trabalhou em diversas casas, de tudo quanto é cor e tamanho e também já viu tantas quantas bagunças pode. Mas sempre dava uma geral.

Só que agora Neura está mudada, já não passa e lava como antes, não se apavora quando entram em casa com os sapatos cheios de barros, nem quando vê a louça de cinco dias atrás, empilhada na pia. O guarda-roupa que ela arrumava dia sim - dia não, agora nem abre mais. A faxina é meia boca, dá uma limpadinha só por cima e até prefere que a chamem de Francinete mesmo.

Tinha para mim que ela estava apaixonada, ou que sentia saudades de Araruna por isso se desligou um pouco da neura que existia dentro dela.
Mas dias atrás veio com uma conversa que queria mudar de cargo, não pelo salário, mas sim pela reputação, não agüentava mais ser chamada de doméstica ou do lar, por isso agora quer ser Governanta!

Primeiro Encontro!

Ah, meu primeiro encontro, lembro-me como se fosse hoje... Ainda bem que não é, por que ninguém merece passar pelo mesmo tédio e chatice duas vezes. Aquele foi um dia ensolarado, dia perfeito para lavar a roupa, a calçada, fazer aquela faxina da casa, arrumar e... Bem voltando ao assunto, já havia marcado tudo com o novo bofe, combinamos de ir ao cinema.

Às seis e meia, eu linda e loira entrava no Shopping Muller, vestia calça colcci (mentirinha), uma blusinha rosa assanhada (assanhada por que ela ficava subindo ao umbigo toda hora), sandália número 34, não 35, ou era 36, tá bom era 37, cheirosa e com o cabelo estilo Rei Leão, só que mais hidratado.
Cheguei, era hora de encontrar o bofe, só que me desculpe o excelentíssimo mas nem sequer sabia pronunciar seu nomezinho, quanto mais escreve-lo, ainda bem que eu tinha salvado seu número nos meus contatos, com o nome de “Ele”.

Dei um toque para “Ele” porque não tinha crédito para completar a ligação (naquela época era escravizária, quero dizer estagiária), “Ele”, me retornou e fiquei esperando perto de uma loja que nem a pau vou lembrar o nome, muito menos o que ela vendia. Ele apareceu (o bofe e não “Ele” o contato), alto, loiro, olhos azuis, um sonho... tá nem tanto, uma sonequinha então. Disse que eu estava bonita, e quando fui dizer que ele também estava, respondeu: “eu sei”. Cheio de querer, se achando mais que Leonardo DiCaprio, um ponto a menos meu amigo. Aprendam uma coisa meu povo, em boca fechada não entra mosca!

Nem chegamos discutir a idéia de qual filme iríamos assistir, pois minhas intenções eram claras, queria ver o filme do ator mais gato, lindo e charmoso, Nicolas Cage. Uma vez dentro do cinema tudo ocorreu tranquilamente, em uma mão a pipoca, na outra o refri, e ao lado “Ele”. Nada de abraço de urso ou pegadinha na mão, meus olhos naquele momento eram somente para o Nick. (chamado assim pelos íntimos).

Fim da sessão, porém não do encontro, hora de dar aquela enrolada básica, uma voltinha no Shopping, ou comer alguma coisa, ver se valia a pena perder mais uns minutinhos, sabe com é né...
Vi algumas fotos que estavam com ele, mas não conseguia entender as explicações de quem era quem, pois o bofe falava “enlolado”, quero dizer enrolado, pobrezinho tem isso até hoje. Já tarde da noite, ele me acompanhou até o ponto de ônibus, carro que é bom, nada né. Não que eu seja “maria-gasosa”, mas uma caroninha não faz mal a ninguém, a não ser no caso de “A morte pede carona”, mais ai já é outra história.

Não vou negar é claro que rolou umas bitoquinhas, umas apertadinhas... e... E foi só, quero que fique bem claro! Na verdade enquanto esperávamos o ônibus comecei a sentir algo, um arrepio, umas sensações estranhas, uma ansiedade, queria sair daquele local o mais rápido possível, e ir para outro lugar. Enfim o destino tanto desejado... O banheiro da minha casa, gente ninguém merece uma dor de barriga daquelas!

Infância!

Talvez você não acredite, mas eu já fui menino, brincar de boneca, de casinha de fazer comidinha, eram coisas que eu e minha irmã Jane (mulher do Fábio e não do Tarzan) não fazíamos. Gostávamos mesmo era de brincar na rua com meninos, brincávamos de Bets, futebol, lutinha, mãe-se-esconde, bolinha de gude, era muito legal, até que a brincadeira acabava porque a minha querida mãe, estraga prazer, vinha com sua varinha (não mágica e sim de marmelo) nos buscar, aliás, buscar nada por que se ela vinha com uma varinha na mão, ela tinha outras intenções, e frequentemente sentíamos essas intenções na pele.

Certa vez minha mãe, que não nos chamava para entrar em casa, pois ela ia de supetão mesmo, apareceu, então olhávamos uma para outra pensando “mas o que ela tinha que fazer aqui”, logo em seguida olhávamos para os meninos que com aquelas caras de tontos, tiravam sarro da situação. Corríamos para casa fugindo das varadas, uma ia de um lado da rua e a outra de outro lado, assim ela não sabia qual pegava (era bem engraçada essa parte, mas só essa parte), por que quando chegávamos em casa era aquele, ai ai ai ai, para quem quisesse ouvir e incomodando aqueles que não queriam. Porém em uma dessas vezes eu consegui chegar rapidão em casa, o que deu tempo de colocar umas duas calças em cima da que eu estava para aliviar um pouco a dor futura. Minha mãe nunca soube disso até hoje.

Além das varadas, as coisas correram bem na minha infância, tinha os meninos da rua para brincar, de vez em quando aparecia também uma menina, mas essa logo era diferenciada por ser delicadinha, arrumadinha, quietinha, educadinha. Tinha também as primas com as quais sempre arrumávamos confusão e meus irmãos mais velhos que em geral não brincavam com a gente, mas lembro que a Fofa (Rejanda) tocava a gente de dentro de casa para limpar, pena que agora ela não é mais acostumada a fazer isso, digo de limpar, por que tocar ela ainda saber fazer bem, e o Tião (Sebastião) que incentivava as lutinhas entre eu e a Jane, e quase sempre eu ficava mais dolorida.

As cicatrizes são a prova real que minha infância foi intensa e agitada, tenho uma que sai do ladinho do nariz e corta o lábio superior da minha boca, outra que adquiri quando brincava de correr na rua e então me esborrachei no chão, essa está no meu joelho junto com as minúsculas pedrinhas que ficou lá, até tempos atrás quando eu passava a mão no joelho eu as sentia.

Mais a mais dolorida de todas, está na minha poupança e não digo a poupança de dinheiro, essa, porém não está visível a todos e só posso mostrar para meu esposo.
Foi em um confortável e velho sofá, quer dizer, em um velho sofá, ele era da cor... deixe- me ver... Enfim, ah coisas que a memória não guarda mesmo. Ficava fora de casa, alguns ainda sentavam nele, como foi meu caso, outros só o usavam para as brincadeiras mais bestas, como o “ser” que de alguma maneira me fez sentar nele. A brincadeira era rodar a pessoa até ela ficar tonta e solta-la para ver aonde ia. Porém eu devia estar muito tonta mesmo, além do normal, para conseguir sentar no velho sofá, e não foi uma sentadinha leve não, foi à sentada. Com a mesma rapidez com que eu sentei, me levantei, mas ai já tinha acontecido o pior... Em minha opinião os sofás não deveriam ter molas, ainda mais as que ficam para fora do seu estofamento.
Lembro-me bem, foi uma tarde inteira chorando e sem poder sentar.